sábado, 28 de abril de 2012

"Antes de nos encontrarmos", Maggie O'Farrell


Título: Antes de nos encontarmos;
Autor: Maggie O'Farrell;
Nº de páginas: 313.
PVP: 17,67.













Resumo:

Stella e Jake estão separados por milhares de quilómetros; ela vive em Londres, e ele em Hong Kong. Nada sabem acerca da existência um do outro, mas, um dia, no mesmo instante, ambos vão viver experiências que os levarão a deixar tudo para trás e, sem o saberem, a encurtar a distância geográfica e emocional que os separa, ao encontro um do outro e de si mesmos. Começa assim uma narrativa em que, pouco a pouco, nos são desvendadas duas histórias, que percorrem várias gerações, sobre identidades desenraizadas, os laços que nos unem e o apelo inconsciente do passado e dos seus segredos.

Opinião:

O livro encontra-se dividido em quatro partes que, muito há sua maneira, nos vão dando a conhecer a história das várias personagens. Tem alturas em que nos sentimentos completamente arrebatados por uma reviravolta inesperada e outras em que parece que estamos sempre a mastigar o mesmo. Mas vamos por partes:

1ª Parte - Para ser sincera, foi-me difícil entrar na história, ao principio, porque a transição entre os personagens é muito rápida e, em seis linhas, não consigo criar a empatia necessária para mergulhar de cabeça nos acontecimentos. Somos confrontados com cenas que são notoriamente bastante emocionais, mas que acabam por não nos proporcionar essa carga porque nada nos é explicado: nem quem são as personagens nem que importância os acontecimentos têm para elas. Contudo, é perceptível desde o início a forte relação que existe entre Stella e Nina e, digo desde já, é deliciosa de ler.

2ª Parte - Após a primeira parte, a história torna-se mais sequencial, mais completa e é-nos dado a conhecer um pouco mais o passados das três personagens: Nina, Stella e Jake. Foi nesta parte que entrei a fundo na história. Envolvi-me e revi-me na relação ultra-íntima das irmãs. Ainda nesta parte, são-nos constantemente apresentados novos personagens que, a esta altura do livro, só servem como adereços. No entanto, à medida que prosseguimos a leitura, apercebemo-nos da importância crescente que adquirem.

3ª Parte - Esta, ao contrário das primeiras, não se centra num passado tão longínquo (infância), mas na adolescência e início da idade adulta. Começamo-nos a aperceber de que há uma espécie de lógica cronológica na descrição dos acontecimentos que, até aqui, nos pareciam totalmente aleatórios. Conseguimos, ainda, notar a aproximação de Jake e de Stella, conseguindo quase segui-los passo a passo.

4ª Parte - O culminar da história. Apesar das voltas e reviravoltas que ainda ocorrem, este é o "capítulo da luz", onde tudo é desvendado e começa a fazer sentido. 

No que respeita às personagens, devo dizer que adorei a de Stella. Tendo irmãs mais novas, percebo os sentimentos dela no que respeita a Nina (apesar de a última ser a mais velha neste caso). Identifiquei-me bastante com ela e adorei o desenvolvimento que a acompanha ao longo dos anos. A mudança operada em Nina também é bastante óbvia e a transição completamente perceptível. Quando começamos a ler, pensamos logo que ela é completamente doida e saltamos para os julgamentos. No entanto, quando a sua história nos é revelada, tudo começa a fazer sentido e passamos de imediato a sentir empatia e simpatia por ela, compreendemos de imediato certos comportamentos que ela adquire e vemo-los sob uma perspectiva diferente. Por fim, no que se refere a Jake, acho que, no princípio, até partir em busca de Kildoune, é um homem bastante passivo, que se conformou com a vida que leva, apesar de esta o fazer completamente infeliz. Mas, quando se encontra com Stella no hotel, tudo isso mudo e ele revela-nos uma faceta que não conhecíamos e que, para ser sincera, é bastante entusiasmante de acompanhar. Quase como se alguém o abanasse pelos ombros e o fizesse acordar para o mundo, ele toma as rédeas da sua vida e impõe-se. No final, mostra-se preserverante e compreensivo e torna-se alguém fácil de gostar.
Adorei o conceito da narrativa. Duas perspectivas sobre um mesmo encontro, que se vai aproximando ao longo do tempo. Ver a forma como o tecido sinuoso do destino leva cada um a fazer certas escolhas e a optar por certos caminhos que levam, invariavelmente, ao mesmo sítio, à mesma hora. 
Um escrita um pouco enfadonha, por vezes, mas bastante agradável. Um livro leve que se lê rapidamente e que nos deixa colados às palavras para descobrirmos como acontece e o que acontecerá. Brilhante obra de Maggie O'Farrel.

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